Psicóloga reforça importância de cordão que ajuda a identificar deficiências ocultas: 'Reafirmar diagnóstico o tempo todo cansa'

Psicóloga reforça importância de cordão que ajuda a identificar deficiências ocultas: 'Reafirmar diagnóstico o tempo todo cansa'

Fernanda Braga de Sousa, de Jundiaí (SP), explicou que a importância da identificação vai além de evitar julgamentos. Para mãe de autista, cordão é motivo de orgulho.

Um cordão de girassol que foi criado em 2016 por funcionários do aeroporto de Gatwick, em Londres, tem sido cada vez mais visto no Brasil. A faixa é usada para identificar pessoas com deficiências ocultas.

De acordo com o projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados, além de sinalizar as condições, o cordão de girassol pu quebra-cabeças, busca oferecer mais assistência e segurança a pessoas com autismo, transtorno de déficit de atenção, demência, doença de Crohn, fobias extremas, entre outras questões.

"Muitos pais relatam a angústia de ouvir comentários como: 'nossa, ele é autista? Ele não parece'. Pais, cuidadores e pessoas com autismo já passam por muitos desafios, e precisar justificar, reafirmar o diagnóstico o tempo inteiro gera cansaço e esgotamento."

A psicóloga relatou que já ouviu uma mãe de autista ser repreendida em um estacionamento por usar a vaga para a pessoa com deficiência.

"O filho não tinha identificação, ela precisou se justificar, gerando para ela um grande constrangimento. É necessário a implantação de políticas públicas para a inclusão das pessoas com deficiências ocultas e sua identificação, como também um trabalho que vise a conscientização das pessoas."

Cordão que orgulha

 Assim como o cordão de quebra-cabeças, o filho de Valdileia Pereira Guedes de Paula, de 12 anos, também usa um objeto no pescoço para identificar sua deficiência. É um crachá do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Menino de Jundiaí usa crachá para identificar autismo — Foto: Valdileia Pereira Guedes de Paula/Arquivo Pessoal

Menino de Jundiaí usa crachá para identificar autismo — Foto: Valdileia Pereira Guedes de Paula/Arquivo Pessoal

O menino foi diagnosticado há três anos, após várias idas a médicos.

"Não vou dizer que não foi um choque, porém um alivio também poder estar descobrindo o que ele tinha. A gente foi pesquisando, se aprofundando no autismo e foi aprendendo o que era uma criança do espectro autismo", conta Valdileia.

Ela disse que, como mãe, acha importante o movimento em prol da deficiência oculta, já que presenciou episódios de julgamentos em certas situações, inclusive de profissionais.

"Até então meu filho era peralta, para muitas pessoas ele é tentado, as médicas falavam que ele era mimado demais."

"Quando eu descobri o cordão do autismo, vesti o cordão no pescoço dele. Para nós, isso é muito importante porque o autismo não tem cara como dizem. O cordão está ali para dizer que aquela criança tem uma deficiência. Acho que todas as mães deveriam sentir orgulho em andar com o filho com aquele cordão, com o crachá. Se meu filho entrar em crise, estar fazendo birra, se meu filho não aguenta esperar em uma fila, olha o cordão, ele está sinalizando que aquela criança tem alguma deficiência", divide.